sábado, 22 de setembro de 2018

4h54

Saudade tua 
me invade à lua 
do teu carinho 
teu aninho 
do meu peito 
teu ninho 
do breu 
nem tão breu 
nem tão meu 
nem tão teu 
é céu vão 
de estrelas 
explosão 
de centelhas
sem a manta 
azul escura 
de tantos 
entrecochados 
de pernas 
e braços 
e ternos 
abraços 
sem cura 
sem teu calor 
devagar 
com o andor 
que meu amor 
é do teu ar 
é tua pinta 
pontuando 
meu olhar 
acentuando 
o tear 
das linhas 
escritas minhas 
e tuas curvas 
nuas, turvas
da vista embaçada 
de suor 
dos óculos 
largados 
do calor 
desfoco
despreocupado 
do teu corpo 
no meu 
que é teu
barroca 
dança 
que me mata 
chibata 
alcança 
a falta 
que tu 
morena 
me faz
noite
e dia
e jaz 
meu sono
e despertar
morte
e vida
se é que eu posso
engolir o caroço
da fruta estragada
que deixei, mofada
e de vida
esse viver
descabido
chamar.

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Raindrops

 


Chuva, chove 
musica meu pranto 
inquieta, me move 
aquieta meu canto 
acalanto 
em desencanto.
Chuva, acalma 
que nada 
lava a minh'alma 
me desaba 
que eu sou casa 
pré-fabricada 
na beirada 
do barranco 
em preto e branco 
esperando o sopro 
da natureza 
me fazer escopo 
de toda a dureza 
necessária ou não 
represália do cão... 
Vem, chuva 
me leva 
me dá teu voto 
de minerva 
e me apaga de vez 
que eu sou sol rabiscado 
naquela calçada 
da sete dois 
faz isso agora 
sem demora 
e me (dis)seca depois.

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Tenta

Já não aguento
teus olhos baixos
molhados
sofridos 
pelados 
de brilho 
ainda tento 
ao menos acho 
que indico o caminho 
pra ti
minha querida 
tanto nos levou 
nos teus braços 
no teu colo 
me abraça 
te imploro 
eres un niño 
mi cariño 
que miedo tengo 
meu dengo 
de perderte 
y solo verte 
en mis sueños 
serian muy buenos 
pero no quiero 
nunca 
que te vas 
jamás 
aunque sí 
yo sé 
que tu hora 
llegará 
sin embargo 
no ahora
y en verdad 
nadie sabe 
mirando de lejos 
lo que pasa 
en tu cabeza, 
mi amor 
en tu corazón 
nadie nadie 
ni nosotros 
tan cerca 
não perca 
a esperança 
nessas andanças 
não tropeça 
na estante 
te peço 
nesse instante 
não caia 
na laia 
do meio copo 
de veneno 
e nem te condeno 
porque eu, topo 
mas tenta 
não cair 
pra não mais levantar 
tenta 
não sair 
pra não mais voltar.

Otra vez

Já não sei pr'onde corro
nem sei ajudar
se vivo ou se morro
ela segue a nadar
contra a maré
onde não dá pé
morre na praia
corre da raia
eu me anulo
erro o pulo
é só paulada
decisões erradas
dou de cara no muro
e em apuros
ela vive
é um cabide
de tristezas
desconhece a leveza
coitada
ficou parada
mientras la vida
se fue, pasó
ah, vida, jodida
nos enclaustró
en una sala
sin puerta
sin ventana
sin suelo
sin nada
ella está cansada
años y años
llorando 
en el baño
murriendo 
poco a poco
y nosotros, locos 

eu não aguento mais
eu fico pra trás
em cada página
desse maldito livro
eu me livro
de duas lágrimas
enquanto a cidade passa
pela janela
o olho embaça
e eu só penso nela
que a essa hora
dorme e acorda
roendo a corda
só quero ir embora
de uma vez
cheio dos talvez.