O amarelo da mesa
riscou todo
confundiu tudo
com o amarelo do riso
sem graça
da vergonha
que não passa
é uma engronha
foi tanto peso
na fala
na atitude
atirando as malas
daquela altitude
que racharam-se os trilhos
do trem da vida
joelho e milho
viagem sofrida
eu construí
com maestria
um percurso torto
atabalhoado
e chovia
na tarde morta
meus pés molhados
frios como pedra
trilharam
essa merda
e afundaram
pouco a pouco
no assoalho
movediço
daquele mesmo trem
de trilho estragado
no vagão de quem
com voz embargada
já nem sabe
o que diz
o que faz
pra onde vai
se é que vai
já nem cabe
por um triz
no que jaz
na própria existência
a cabeça pesando
a consciência
martelando
com berros
os erros
nada em comum
ziriguidum
do trôpego andar
perdido no espaço
no ar
em cima do laço
no desespero
tentando colar
com esmero
os trilhos rachados
manchucados
que um dia
me levaram pro altar.